TAVA, A CASA DE PEDRA
Tava, the Stone HouseCoordenado pelo projeto Vídeo nas Aldeias, com co-direção dos realizadores Guarani Patrícia Ferreira Keretxu e Ariel Duarte Ortega, este documentário foi produzido como parte do processo de reconhecimento patrimonial da Tava como “Lugar de Referência” para o Povo Guarani pelo IPHAN.
As fotografias e documentos aqui apresentados foram selecionadas do acervo sobre as “Ruínas de São Miguel das Missões” do IPHAN. Datadas do contexto de reconhecimento patrimonial realizado nos anos 1930 e 1940, mostram como a estética modernista, principalmente nas imagens do canônico fotógrafo Marcel Gautherot, colaboraram para a criação de uma ideologia em que o patrimônio colonial figura como a tradição da modernidade. Lucio Costa recomendou medidas de preservação e projetou um museu no local, feito com as ruínas das missões, para abrigar as peças encontradas no sítio arqueológico.
Durante o período colonial, jesuítas construíram missões por toda a América em território Guarani. O sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo, no Rio Grande do Sul do Brasil, constitui o que resta de um dos maiores complexos urbanos erguidos nestes “aldeamentos”, que funcionavam como dispositivos para dominar os corpos, imaginários e territórios de povos nativos.
Em 1938, através de um levantamento do arquiteto modernista Lucio Costa, São Miguel foi o primeiro sítio reconhecido como patrimônio cultural pelo então nascente Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em 1983, tornou-se patrimônio mundial pela UNESCO. Neste contexto, as ruínas foram interpretadas sob uma lente colonial, como símbolos de um processo “civilizador” trazido pelos europeus à terras “primitivas”.
Para os Guarani, essas ruínas – que chamam de Tava, “a casa de pedra” – guardam a memória de seus antepassados, sendo um local de origem de práticas cotidianas e cerimoniais. Em 2014, os Guarani retomaram o sentido cultural destas ruínas, conquistando o reconhecimento de seus vínculos ancestrais com o sítio arqueológico através de sua inscrição como “Lugar de Referência para o Povo Guarani” no chamado “Livro dos Lugares” do IPHAN. A Tava aponta para uma política de retomada patrimonial e reparação histórica.
As fotografias e documentos aqui apresentados foram selecionadas do acervo sobre as “Ruínas de São Miguel das Missões” do IPHAN. Datadas do contexto de reconhecimento patrimonial realizado nos anos 1930 e 1940, mostram como a estética modernista, principalmente nas imagens do canônico fotógrafo Marcel Gautherot, colaboraram para a criação de uma ideologia em que o patrimônio colonial figura como a tradição da modernidade. Lucio Costa recomendou medidas de preservação e projetou um museu no local, feito com as ruínas das missões, para abrigar as peças encontradas no sítio arqueológico.
Durante o período colonial, jesuítas construíram missões por toda a América em território Guarani. O sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo, no Rio Grande do Sul do Brasil, constitui o que resta de um dos maiores complexos urbanos erguidos nestes “aldeamentos”, que funcionavam como dispositivos para dominar os corpos, imaginários e territórios de povos nativos.
Em 1938, através de um levantamento do arquiteto modernista Lucio Costa, São Miguel foi o primeiro sítio reconhecido como patrimônio cultural pelo então nascente Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em 1983, tornou-se patrimônio mundial pela UNESCO. Neste contexto, as ruínas foram interpretadas sob uma lente colonial, como símbolos de um processo “civilizador” trazido pelos europeus à terras “primitivas”.
Para os Guarani, essas ruínas – que chamam de Tava, “a casa de pedra” – guardam a memória de seus antepassados, sendo um local de origem de práticas cotidianas e cerimoniais. Em 2014, os Guarani retomaram o sentido cultural destas ruínas, conquistando o reconhecimento de seus vínculos ancestrais com o sítio arqueológico através de sua inscrição como “Lugar de Referência para o Povo Guarani” no chamado “Livro dos Lugares” do IPHAN. A Tava aponta para uma política de retomada patrimonial e reparação histórica.
Coordinated by the Vídeo nas Aldeias project, co-directed by the directors Guarani filmmakers Patrícia Ferreira Keretxu and Ariel Duarte Ortega, this documentary was produced as part of the process of recognition of Tava's heritage as a “Place of Reference” for the Guarani People by IPHAN.
The photographs and documents presented here were selected from the extensive collection on the “Ruins of São Miguel das Missões” found in the Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [National Historic and Artistic Heritage Institute] (IPHAN) archives. Dating from their recognition as heritage in the 1930s and 1940s, they show how modernist aesthetics, mainly communicated through the images of the canonical photographer Marcel Gautherot, contributed to the creation of an ideology in which colonial heritage figures as tradition-modernity. Lucio Costa recommended preservation measures and designed a museum on site, made from the ruins of the missions, to house the pieces found at the archaeological site.
During the colonial period, Jesuits built numerous missions all over America in Guarani territory. The archaeological site of São Miguel Arcanjo, in the state of Rio Grande do Sul, comprises the ruins of one of the largest urban complexes erected by these colonial “villages”, functioned as spatial devices to dominate native peoples as servile labor through evangelisation, imposing colonial control over their bodies, imaginaries and territories.
In 1938, a study by the modernist architect Lucio Costa established that São Miguel was the first archaeological site recognized as cultural heritage by Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [National Historic and Artistic Heritage Institute] IPHAN. In 1983 it became a UNESCO World Heritage Site. In this context, the ruins were once again seen through a colonial lens, as a symbol of a “civilizing” process of the Europeans in the "primitive" lands.
For the Guarani, these ruins—which they call Tava, “the stone house”—harbors the ancestral presence of their relatives and is a fundamental site for the Guarani's daily and ceremonial practices. In 2014, the Guarani reclaimed the cultural meaning of these ruins, achieving recognition of their ancestral links with the archaeological site through its inscription as a “Place of Reference” for the Guarani People in IPHAN's so-called Book of Places. Tava points towards a policy of historical recovery and reparation.
The photographs and documents presented here were selected from the extensive collection on the “Ruins of São Miguel das Missões” found in the Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [National Historic and Artistic Heritage Institute] (IPHAN) archives. Dating from their recognition as heritage in the 1930s and 1940s, they show how modernist aesthetics, mainly communicated through the images of the canonical photographer Marcel Gautherot, contributed to the creation of an ideology in which colonial heritage figures as tradition-modernity. Lucio Costa recommended preservation measures and designed a museum on site, made from the ruins of the missions, to house the pieces found at the archaeological site.
During the colonial period, Jesuits built numerous missions all over America in Guarani territory. The archaeological site of São Miguel Arcanjo, in the state of Rio Grande do Sul, comprises the ruins of one of the largest urban complexes erected by these colonial “villages”, functioned as spatial devices to dominate native peoples as servile labor through evangelisation, imposing colonial control over their bodies, imaginaries and territories.
In 1938, a study by the modernist architect Lucio Costa established that São Miguel was the first archaeological site recognized as cultural heritage by Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [National Historic and Artistic Heritage Institute] IPHAN. In 1983 it became a UNESCO World Heritage Site. In this context, the ruins were once again seen through a colonial lens, as a symbol of a “civilizing” process of the Europeans in the "primitive" lands.
For the Guarani, these ruins—which they call Tava, “the stone house”—harbors the ancestral presence of their relatives and is a fundamental site for the Guarani's daily and ceremonial practices. In 2014, the Guarani reclaimed the cultural meaning of these ruins, achieving recognition of their ancestral links with the archaeological site through its inscription as a “Place of Reference” for the Guarani People in IPHAN's so-called Book of Places. Tava points towards a policy of historical recovery and reparation.