SISTEMA AGROFLORESTAL RIO NEGRO

Rio Negro Agroforestry System


© Rafa Jacinto / Fundação Bienal de São Paulo
© Rafa Jacinto / Fundação Bienal de São Paulo


Após uma mobilização de mais de vinte anos liderada pela Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro, em aliança com outras entidades indígenas como a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, em 2010, o IPHAN reconheceu o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro como patrimônio cultural nacional. O registro se dá no chamado “Livro dos Saberes”, inventário que congrega “patrimônios imateriais” de saberes e práticas.

Combinando saberes ancestrais e uma evolução tecnológica-ecológica milenar, transmitida através de gerações de mais de vinte e três etnias indígenas da Amazônia ocidental, o Sistema Agroflorestal é único por apresentar extrema biodiversidade (por exemplo, estima-se que ao menos 300 variedades de manivas são cultivadas nesta região).

Saberes/práticas agroflorestais são consideradas fundamentais no combate à extinção de espécies e à mudança climática por constituírem sistemas produtores de florestas. Em um sentido profundo, a floresta Amazônica é um grande jardim cultivado por estas tecnologias ancestrais, formas de “landscape design” que apontam para um outro futuro em direção à reparação da terra, como solo e como planeta. 
After a mobilization lasting more than twenty years led by the Associação das Comunidades do Rio Negro [Association of Indigenous Communities of the Médio Rio Negro], in alliance with other Indigenous entities such as Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro [Federation of Indigenous Organizations of Rio Negro] (FOIRN), in 2010, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [National Historic and Artistic Heritage Institute] (IPHAN) recognized the Rio Negro Traditional Farming System as national cultural heritage. The registration was made in the so-called “Book of Knowledge”, an IPHAN inventory that gathers “intangible heritage” of knowledge and practices.

Combining ancestral knowledge and millenary technological-ecological evolution, passed down for generations through orality and the daily practice of more than 23 Indigenous ethnic groups in the western Amazon, the
agroforestry system found along the Rio Negro is unique for its extreme biodiversity (for example, it is estimated that at least 300 varieties of manioc are grown in this region).

Agroforestry knowledge/practices such as these are today considered fundamental in the fight against the extinction of species and climate change because they constitute forest-producing systems. In a profound sense, the Amazon forest is a large garden cultivated through ancestral technologies of native peoples, forms of “landscape design” that point to another future, towards reparation of the earth, as a soil and as a planet.