GALERIA: LUGARES DE ORIGEM, ARQUEOLOGIAS DO FUTURO

Gallery: Places of Origin, Archaeologies of the Future


© Rafa Jacinto / Fundação Bienal de São Paulo



Sankofa: retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro.
Abdias Nascimento

O futuro é ancestral. Sonia Guajajara, discurso de posse do Ministério dos Povos Indígenas, 2023



Ocupada por práticas espaciais indígenas e afro-brasileiras sobre a terra, esta sala apresenta arquiteturas memoriais recentemente reconhecidos como patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (IPHAN): a Casa da Tia Ciata e o Cais do Valongo, no contexto urbano da “Pequena África” no Rio de Janeiro; a Tava, como os Guarani chamam as ruínas das missões jesuítas; o Sistema Agroflorestal do Rio Negro na Amazônia; a Cachoeira do Iauaretê dos povos Tukano, Arawak e Maku; e o Terreiro da Casa Branca (Ilê Axé Iyá Nassô Oká), o primeiro monumento negro tombado no Brasil.

O que une estes “Lugares de Origem” é a maneira pela qual carregam dimensões memoriais indígenas e afro-brasileiras, apontando para um processo de retomada e reparação da representação patrimonial, até pouco circunscrita à valorização do colonial europeu como matriz da experiência artística e arquitetônica nacional.

Ao mesmo tempo, podem ser lidos como verdadeiras “arquiteturas da terra”, apontando para um horizonte futuro onde seja estabelecida outro tipo de relação com a natureza. Carregam saberes e tecnologias de “desenho da paisagem” que hoje tornaram-se fundamentais para a manutenção ecológica do planeta como um todo.

Podemos pensar essas práticas espaciais como outras formas de fazer e compreender a arquitetura, práticas que atravessam o local e o global, situadas na terra mas igualmente planetárias? Longe de uma visão nostálgica do passado, convidamos o público a observar estes espaços memoriais como “Arqueologias do Futuro”, como num voo do mítico pássaro Sankofa, “retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro.”
Sankofa: returning to the past to resignify the present and build the future.
Abdias Nascimento

The future is ancestral. Sonia Guajajara, inaugural speech of the Ministry of Indigenous Peoples, 2023.



This room, occupied by Indigenous and Afro-Brazilian spatial practices on the land, presents memorial architectures recently recognized as cultural heritage by the Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [National Historic and Artistic Heritage Institute] (IPHAN): the Casa da Tia Ciata and the Cais do Valongo in the urban context of “Little Africa” in Rio de Janeiro; the Tava, as the Guarani call the ruins of the Jesuit missions; the Rio Negro Agroforestry System in the Amazon; the Cachoeira do Iauaretê of the Tukano, Arawak and Maku peoples; and the Terreiro da Casa Branca (Ilê Axé Iyá Nassô Oká), the first Black monument to be given listed status in Brazil.

What unites these “Places of Origin” is the way in which they carry the memorial dimensions of Indigenous and Afro-Brazilian people, pointing to a process of retaking and repairing the representation of heritage, which until recently was limited to valuing European colonialism as the matrix of the national artistic and architectural experience.

At the same time, they can be understood as true “architectures of the earth”, pointing to a future horizon where a different kind of relationship with nature is established. They carry knowledge and technologies of “landscape design” that today have become fundamental for the ecological maintenance of the planet as a whole.

Can we think of these spatial practices as other forms of making and understanding architecture, practices that cross the local and the global, situated on land but equally planetary? Far from a nostalgic view towards the past, we invite the public to observe these memorial spaces as “Archaeologies of the Future”, as in the flight of the mythical Sankofa bird, “returning to the past to resignify the present and build the future.”